A publicação é composta por 17 artigos de pesquisadores de pós-graduação de universidades do Rio de Janeiro, que trabalham com temas ligados à prática discursiva da mídia brasileira e como ela acaba por se constituir em um “lugar de memória” da contemporaneidade. A coletânea é dividida em duas partes. A primeira, voltada para a relação entre memória e história, é composta por artigos que versam sobre a construção de narrativas na mídia como forma de reinterpretação da história. Textos literários da escritora Clarice Lispector como vestígios do passado que possibilitam uma reinterpretação da história dos meios de comunicação; a imprensa e o imaginário políticos do Estado Novo; a figura feminina apresentada pela imprensa em diferentes momentos históricos; as representações de gêneros musicais populares na memória e no imaginário social; as representações acerca da Baixada Fluminense difundidas pela mídia nos últimos 60 anos; a identidade profissional dos jornalistas; e as questões teórico-metodológicas enfrentadas pelos pesquisadores que se propõem a trabalhar com a história da televisão no Brasil são temas tratados nesses artigos.
A segunda parte do livro foca nas noções de discurso e narrativa para discutir os “efeitos de sentido produzidos pelos textos jornalísticos”. Aí estão artigos que têm como eixo o papel da imprensa na construção do imaginário social, que ancora a memória do passado e cria as bases para a “memória futura”; a aplicação dos conceitos de memória e narrativa na construção e reconstrução do episódio da “Chacina da Candelária”, a partir dos textos jornalísticos ao longo de dez anos; a construção de alteridades nos discursos da mídia no cenário pós-atentados às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001; o papel da imprensa na produção de identidades discursivas e políticas (e na constituição do que se consagrou como “discurso democrático”) sobre o sistema de cotas para acesso às universidades públicas; a formação da identidade homossexual por meio do Lampião da Esquina, um dos primeiros jornais homossexuais brasileiro e sua função na construção de uma memória social deste grupo; o papel da seleção brasileira de futebol na formação de uma identidade nacional durante a cobertura da Copa do Mundo de 2002; a censura à imprensa durante a ditadura militar no Brasil e a sua função na construção de um imaginário político e social deste período; e a construção de um discurso científico e seu “efeito-leitor” por intermédio da revista mensal Ciência Hoje para Crianças.
A coletânea reúne artigos essenciais para quem estuda e trabalha em centros de memória e centros de documentação ligados à mídia, mas também para profissionais e pesquisadores que se debruçam sobre o papel da história e da memória na construção social da realidade.