Memórias da Elite: Arquivos, Instituições e Projetos Memoriais

Luciana Quillet Heymann. Revista Pós Ciências Sociais – PPGCSoc, UFMA. Dossiê. V.8, nº 11, 2011. Indicação: Sílvia Fiuza, doutora em História da Cultura, mestre em Antropologia Social e representante dos Centros de Memória do Grupo Globo Tema: acervos pessoais Faça download do arquivo

O texto analisa os processos de institucionalização de trajetórias de membros da elite política brasileira, a construção de seus acervos pessoais e o papel de instituições de memória na atribuição de “valor histórico” a esses acervos e, consequentemente, à trajetória desses homens públicos. A autora reflete sobre o papel das instituições de memória e a guarda de acervos pessoais das elites políticas, como o CPDOC da Fundação Getúlio Vargas-RJ. Centra sua análise em três acervos pessoais e as instituições criadas para sua guarda: o arquivo Mario Covas e a Fundação que leva o nome do engenheiro e ex-governador de São Paulo; o arquivo do sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o Instituto FHC; e o arquivo do antropólogo e ex-vice-governador do Rio de Janeiro Darcy Ribeiro e a sua fundação (FUNDAR).

Ao longo de sua análise, Luciana Heymann observa que esses arquivos pessoais ocupam lugar de destaque em propostas voltadas para a preservação da memória nacional. Ao mesmo tempo, valorizam o “patrimônio” deixado por esses personagens, legitimando seus acervos como autênticos repositórios de um “legado”. Ela ressalta que as instituições criadas para preservar a trajetória e o pensamento dessas personalidades, assim como outras experiências semelhantes, têm sempre um caráter político, na medida em que a memória cria identidades ao produzir um discurso sobre o passado e, ao mesmo tempo, projeta perspectivas para o futuro. Ao avaliar os centros de memória citados, a autora sugere que as imagens projetadas por cada um dos titulares dos acervos “contaminam e informam as visões de “legado” alimentadas por suas instituições de memória”.  E mostra, ainda, como são formas diferentes de evocação da memória.

Para estudiosos e gestores de centros de memória, o texto de Luciana Heymann é fundamental para a reflexão sobre as especificidades de cada arquivo. É essencial também para a discussão de como ações voltadas para a memória estão ancoradas nos projetos pessoais dos titulares dos acervos e das instituições que têm a função da sua guarda e preservação.