Usos e Abusos da História Oral

Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado (Orgs.). Rio de Janeiro, Editora FGV, 2006. Indicação: Sílvia Fiuza, doutora em História da Cultura, mestre em Antropologia Social e representante dos Centros de Memória do Grupo Globo Tema: história oral

Trata-se de uma coletânea de ensaios que abordam as diferentes dimensões da história oral. Apontam as várias possibilidades de aplicação dessa metodologia e aprofundam reflexões em torno de pontos essenciais, como descrevem as organizadoras: “relações entre memória e história, principais conceitos e estilos de investigação em história oral, organização de acervos orais, inter-relações entre história oral e história do tempo presente, tipos de entrevistas, formas de narrar trajetórias individuais (biografias, autobiografias, histórias de vida) e ligações entre tradição oral e escrita.”

A publicação está dividida em cinco blocos.  A primeira, Questões, reúne textos voltados para o estatuto da história oral. Seria a história oral uma técnica, uma disciplina ou uma metodologia? O segundo bloco do livro, Memória e Tradição, é voltado para três questões: entrelaçamento entre memória e história, conceito de “geração” e relações entre tradição escrita e oral. O terceiro conjunto de artigos, Trajetória, discute o papel do sujeito na história e foca em temas como biografias, autobiografias, histórias de vida. Já o quarto bloco de textos, Pensar o tempo presente, aborda o estatuto da chamada história do tempo presente e suas relações com a história oral. A contemporaneidade entre o historiador e seu objeto, o fato de lidar com testemunhas vivas, presentes no momento do acontecimento, a proximidade entre pesquisador e realidade estudada são temas, entre outros, discutidos nessa seção. O último conjunto de artigos, Entrevistas e acervos, trabalha com questões relativas à realização de entrevistas e às políticas de acervo.

Dois pontos são enfatizados nesses textos: a especificidade da história oral que, diferente de outras formas de coleta de depoimentos, deve estar inserida num projeto de pesquisa e precedida por uma investigação minuciosa e um roteiro elaborados; e aspectos referentes à constituição de acervos de história oral. Trata-se de uma obra de referência fundamental para historiadores, antropólogos e sociólogos, entre outros, que lidam com fontes orais e também para profissionais de centros de pesquisa e documentação que têm como projeto a constituição de arquivos de baseados em história oral.