Empresário Industrial e Desenvolvimento Econômico no Brasil

Fernando Henrique Cardoso. Rio de Janeiro: Difel, 1964. Indicação: Alexandre Macchione Saes. Professor do Departamento de Economia da FEA/USP, Doutor em História Econômica pelo Instituto de Economia da Unicamp. Tema: Estudo sobre empresário industrial

Fernando Henrique Cardoso publicou o livro Empresário Industrial e Desenvolvimento Econômico no Brasil no ano de 1964. O livro era resultado de uma pesquisa realizada no Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho (CESIT), defendida como tese para obtenção do título de livre docente na USP no ano anterior.

O projeto de pesquisa desenvolvido no CESIT, centro coordenador por Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, entre outros, buscava examinar o perfil da empresa e do empresário estabelecido em São Paulo, mediante uma análise sociológica que deveria subsidiar a compreensão do subdesenvolvimento brasileiro.

Os resultados apresentados por Fernando Henrique Cardoso estavam embasados nos quase trezentos questionários enviados para as empresas localizadas na Grande São Paulo, que ofereciam informações sobre a origem dos empresários, o período de constituição das empresas, os setores de atuação dos negócios, etc.

Fernando Henrique Cardoso por meio da obra Empresário Industrial e Desenvolvimento Econômico apresentava uma relevante contribuição para um amplo debate político e acadêmico sobre o caráter da chamada burguesia nacional. Nas palavras de Florestan Fernandes, o livro “estabelece uma tipologia empírica das empresas industriais brasileiras e caracteriza a organização e os conteúdos do horizonte cultural dos tipos de empresários que as dirigem”.

Ao categorizar a tipologia dos empresários brasileiros, Fernando Henrique passava a questionar as interpretações dominantes do período que advogavam do papel histórico do empresário como defensor de interesses nacionais, do ator que assumir seu papel na almejada revolução burguesa. Como continua Florestan: “Fala-se muito em autonomia dos centros de decisão em nossa vida econômica moderna. Contudo, são investigações como essa que nos ensinam o que se passa, efetivamente, e nos aconselham a uma prudente moderação nos vaticínios sobre o que nos aguarda…”.  Incrível pensar como sua interpretação se verificaria duramente com o desenrolar do processo histórico, pouco menos de um ano depois da defesa de sua tese.